O Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos tem como objetivo capacitar pessoas, grupos e comunidades para ler e interpretar a Bíblia, mantendo-se essencialmente ecumênico, engajado no fortalecimento da cidadania e contribuindo decisivamente para o estabelecimento de novas relações de gênero baseadas na liberdade, na justiça e na igualdade.
segunda-feira, 7 de agosto de 2017
quarta-feira, 28 de junho de 2017
segunda-feira, 26 de junho de 2017
terça-feira, 20 de junho de 2017
ENCONTROS IGREJA E A LUTA POPULAR
“Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos.”
Papa Francisco – Encontro Mundial dos Movimentos Populares
Os
encontros serão realizados com o objetivo de fortalecer o diálogo e
parceria das Igrejas com a luta dos movimentos populares, a partir dos
três Ts apontados pelo PapaFrancisco (Terra, Trabalho e Teto) e em
preparação para o 23° Gritos dos/as Excluídos/as BH.
Dia 26 de junho (segunda), 19h: “Nenhum camponês sem terra”
Convidados:
Comissão Pastoral da Terra (CPT); Conselho Indigenista Missionário
(CIMI); Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Cáritas.
Dia 31 de julho (segunda), 19h: “Nenhum trabalhador sem direitos”
Convidados:
Movimento dos Trabalhadores Cristãos/Pastoral Operária; Central Única
dos Trabalhadores (CUT) e Movimento dos Trabalhadores por Direitos
(MTD).
Dia 28 de agosto (segunda), 19h: “Nenhuma família sem casa”
Convidados:
Pastoral dos Sem Casa; União Metropolitana por Moradia
Popular(UMMP/CMP); Brigadas Populares (BP) e Movimento de Luta em Vilas,
Bairros e Favelas (MLB).
Local dos encontros: Espaço Franciscano - Avenida Amazonas, nº 314, 3° andar.
Inscrições (clique no link): https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScuhMcMqd-_cyJ8RErzGnavkN0wRbB079rq-omOhj0CPm9Siw/viewform?c=0&w=1
Organização: Comitê das Igrejas BH e Grito dos/as Excluídos/as BH
Apoio: Espaço Franciscano/OFM, Fórum Político Inter-religioso, Diretório Acadêmico Dom Oscar Romero ISTA.
“Que
posso fazer eu, recolhedor de papelão, catador de lixo, limpador,
reciclador, frente a tantos problemas, se mal ganho para comer? Que
posso fazer eu, artesão, vendedor ambulante, carregador, trabalhador
irregular, se não tenho sequer direitos trabalhistas? Que posso fazer
eu, camponesa, indígena, pescador que dificilmente consigo resistir à
propagação das grandes corporações? Que posso fazer eu, a partir da
minha comunidade, do meu barraco, da minha povoação, da minha favela,
quando sou diariamente discriminado e marginalizado? Que pode fazer
aquele estudante, aquele jovem, aquele militante, aquele missionário que
atravessa as favelas e os paradeiros com o coração cheio de sonhos, mas
quase sem nenhuma solução para os meus problemas? Muito! Podem fazer
muito. Vocês, os mais humildes, os explorados, os pobres e excluídos,
podem e fazem muito. Atrevo-me a dizer que o futuro da humanidade está,
em grande medida, nas suas mãos, na sua capacidade de se organizar e
promover alternativas criativas na busca diária dos “3 T” (trabalho,
teto, terra), e também na sua participação como protagonistas nos
grandes processos de mudança nacionais, regionais e mundiais. Não se
acanhem”
(Papa Francisco – Discurso no II Encontro Mundial dos Movimentos Populares, Bolívia, 2015).
terça-feira, 6 de junho de 2017
Leia já a Revista Senso deste bimestre Jun-Jul 2017
E se instigue com as matérias e artigos sobre os 500 anos da Reforma iniciada por Martinho Lutero.
Acesse - https://revistasenso.com.br
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segunda-feira, 29 de maio de 2017
Segue a agenda do CONIC-MG para a Semana de Oração pela Unidade Cristã:
-
29/05 - 20:00 No Focolare, Rua Anhanguera 167 - bairro Santa Teresa,
Belo Horizonte (entre rua Pouso Alegre e rua Salinas) em BH;
-
01/06 - 20:00 - Escola Profissionalizante Santo Agostinho, Avenida
Deputado Antônio Lunardi, nº 98 - bairro Brasil Industrial (no
Barreiro), em BH;
- 01/06 - 20:00 - Paróquia São João Evangelista, Rua do Ouro, 1050 - bairro Serra, em BH;
- 01/06 - 20:00 - Paróquia São João Evangelista, Rua do Ouro, 1050 - bairro Serra, em BH;
- 02/06 - 19:00 - Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Rua Pouso Alto nº 329 - bairro Novo Horizonte, em Betim;
- 03/06 - 19:30 - Paróquia Cristo Salvador - Comunidade do Monte Castelo, Rua Itambé, 21 - bairro Monte Castelo, em Contagem;
- 04/06 - 19:00- Segunda Igreja Presbiteriana (IPI), Rua Guajajaras, 1687 - bairro Barro Preto, em BH.
- curta - compartilhe - comente - divulgue - participe - ecumenize - ore -
*em todos os eventos haverá representantes do CONIC-MG e se pede, a quem puder, ajudar com a coleta solidária para a causa ecumênica
*em todos os eventos haverá representantes do CONIC-MG e se pede, a quem puder, ajudar com a coleta solidária para a causa ecumênica
terça-feira, 23 de maio de 2017
LANÇAMENTO DO 23° GRITO DOS/AS EXCLUÍDOS/AS BH
Vida em Primeiro Lugar - Por direitos e democracia a luta é todo dia!
Igrejas e organizações do povo na luta pela democracia e em defesa dos nossos direitos. ✊✊✊
Dia 29/05 (segunda), às 19h, no Salão da Igreja São José - Centro BH. ⛪
Participação de Dom Otacílio - Bispo Auxiliar para a Ação Social e Política.
Venha se somar, mobilizar e se organizar!
🎶🎶 "Não pode faltar ninguém no Grito dos/as Excluídos/as!" 🎶🎶
Igrejas e organizações do povo na luta pela democracia e em defesa dos nossos direitos. ✊✊✊
Dia 29/05 (segunda), às 19h, no Salão da Igreja São José - Centro BH. ⛪
Participação de Dom Otacílio - Bispo Auxiliar para a Ação Social e Política.
Venha se somar, mobilizar e se organizar!
🎶🎶 "Não pode faltar ninguém no Grito dos/as Excluídos/as!" 🎶🎶
segunda-feira, 22 de maio de 2017
quarta-feira, 17 de maio de 2017
AGENDA DA SEMANA PIPOCANDO - PARTICIPE E DIVULGUE!!!
Dia 17/05
Dia 18/05
Dia 19/05
Dia 20/05
É sábado agora!!!
Grande Kizomba da Paróquia Pai Misericordioso
20/05 às 19:00hs na Comunidade Nossa Senhora Aparecida - Rua Arthur Cunha, 356 - bairro Acaiaca BH/MG
Dia 21/05
Atividade Permanente de Outono-Inverno
quinta-feira, 4 de maio de 2017
DENÚNCIA: Anglo America faz coerção dissimulada às comunidades nos entorno de suas minas em MG
Anglo American procura harmonia coerciva em meio a clima de terror no entorno das suas minas em Minas Gerais, Brasil
Logo na semana em que a Rede de Articulação e Justiça Ambiental dos Atingidos pelo Projeto Minas Rio (REAJA) e a Rede de Mineração de Londres (London Mining Network, uma rede em que participam 30 organizações) denunciam os graves impactos socioambientais e as ameaças a integridade física dos moradores atingidos em torno da mineração em Conceição de Mato Dentro, MG (http://conflitosambientaismg. lcc.ufmg.br/noticias/mineracao -em-conceicao-do-mato-dentro-d enunciada-na-assembleia-da-ang lo-american-em-londres/), a empresa inicia a distribuição de convites para uma reunião com representantes da Anglo American. Tal reunião teria como finalidade o aprimoramento do diálogo com a empresa e o objetivo de “conhecer o EIA/RIMA preparado para a Etapa 3 do Minas-Rio”, procurando, segundo ofício, “...construir soluções que permitam o convívio harmônico”.
Contudo, acontecimentos recentes instauraram um verdadeiro clima de terror nas referidas comunidades, que envolveram desde notas em redes sociais até ameaças de morte aos autores de uma Ação Popular que obteve, na Justiça, o cancelamento de uma Audiência Pública. O cancelamento da Audiência foi solicitado exatamente porque os Estudos de Impacto Ambiental não foram disponibilizados com tempo suficiente para o conhecimento e análise do mesmo. Portanto, a audiência seria somente uma propaganda da empresa acerca do empreendimento e não atenderia ao seu objetivo original, relativo à discussão qualificada acerca dos direitos dos atingidos e das falhas e lacunas dos estudos ambientais apresentados.
Diante da escalada de violência, impulsionada por notas, matéria em jornal local, que expuseram os autores, e por vídeo publicado no Facebook da própria Anglo American após o cancelamento da audiência, pesquisadores do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (GESTA) e Programa Polos de Cidadania (Polos), da UFMG, que, entre outras instituições, também foram convidados para a mencionada reunião, alegam que, nestas circunstâncias de intimidação e terror, qualquer tentativa de encontros ou audiências públicas junto com os moradores e seus apoiadores revelam uma dupla estratégia: enquanto a população sofre pressões e calunias intimidadoras, as audiências públicas servem apenas como elemento - para “inglês ver” - de "boa governança" por parte da empresa, na busca de um falso consenso. Nestas condições, segundo os pesquisadores, as tentativas da empresa, assim como determinados setores coniventes na esfera das instituições públicas, configuram uma verdadeira pressão para alcançar uma "harmonia coerciva", enquanto os Direitos Humanos amparados na Constituição Brasileira estão sendo violados, tornando os moradores afetados em vítimas de um verdadeiro descaso planejado, que pode resultar em desastre com prejuízo à segurança dos atingidos, tendo em vista a escalada dos conflitos e multiplicação das intimidações e ameaças.
Seguem as cartas-resposta dos pesquisadores do GESTA e Polos à Anglo American, na íntegra:
CARTA RESPOSTA GESTA:
Belo Horizonte, 26 de Abril de 2017
Prezada Mariana Rosa,
Gerente de Comunicação Anglo American
Prezado Tiago Alves,
Coordenador Corporativo de Desenvolvimento Anglo American
Em resposta ao ofício recebido em 25/04/2017, agradecemos seu convite para um encontro. Apreciamos a sua tentativa de instaurar um “diálogo aberto e respeitoso” [como] “caminho para construirmos juntos um legado positivo para a região”. Contudo, aproveitamos a oportunidade para esclarecer os seguintes pontos:
O GESTA é um núcleo vinculado ao Departamento de Antropologia e Arqueologia (DAA) da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Desde 2001, o GESTA é cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão relacionadas à compreensão dos conflitos ambientais. O Grupo, de caráter interdisciplinar, é composto por pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação das áreas de Antropologia, Sociologia, Geografia, Direito e Ciências Socioambientais. A atuação do núcleo tem privilegiado a interface entre pesquisa e extensão, buscando refletir sobre os efeitos sociais de grandes projetos e seus processos hegemônicos de apropriação do território, ao mesmo tempo em que procura fomentar a capacitação político-participativa de populações atingidas.
Nesse diapasão, desde 2012, o GESTA conduz pesquisas dedicadas ao tema da mineração no estado de Minas Gerais, com destaque para os projetos “Alcances e Limites da Resolução Negociada de Conflitos Ambientais: o caso do projeto de mineração Minas-Rio” (apoio CNPq 408591/2013-7) e “Nova Fronteira Minerária, Land-grabbing e Regimes Fundiários: consequências socioambientais e limites da gestão de conflitos” (apoio CNPq 445550/2014-7), ambos com apoio das agências nacionais de fomento à pesquisa acadêmica e, desde 2015, o projeto “Poder, território e conflito: processos de territorialização e mineração em Conceição do Mato Dentro (MG)”, com apoio da FAPEMIG (APQ-03592-14) . No âmbito da extensão universitária, o grupo desenvolve o programa “Observatório dos Conflitos Ambientais: tecnologias sociais e justiça ambiental” (Registro SIEX/UFMG 500301), através do qual presta assessoria aos grupos atingidos pelo empreendimento Minas Rio em Minas Gerais. Tais atividades de assessoria são efetuadas a partir da demanda apresentada por parte das populações locais. Nossa atuação se restringe, assim, ao acompanhamento e análise do processo de licenciamento, fornecendo aos atingidos subsídios técnicos e políticos que se orientam para: formação e fortalecimento das redes de articulação e mobilização, apoio à troca de experiências e de perspectivas dos atores que experimentam danos e/ou violações aos direitos de acesso e apropriação do meio ambiente, visando uma participação social qualificada, efetiva e igualmente justa no que tange às políticas ambientais.
Dito isso, não desempenhamos qualquer protagonismo no caso, não temos o intuito e tampouco legitimidade para representações e/ou deliberações. Nossa atuação está restrita aos espaços e momentos em que nossa presença enquanto pesquisadores-parceiros é demandada pelos grupos que assessoramos. Com efeito, não nos cabe participar do encontro/reunião nos termos propostos pelo referido ‘convite’.
Ademais, causa particular estranhamento que a disposição e a abertura para o diálogo sejam acompanhadas e marcadas por iniciativas que buscam a exposição pública de moradores, atingidos pelo empreendimento, que, sistematicamente, buscam denunciar o esvaziamento das condições e possibilidades de participação e a continuidade e agravamento das violações de seus direitos. Materiais como notas anônimas, matéria jornalística, vídeos, são circulados na região de modo a expor e responsabilizar esses atores por supostos atrasos e entraves ao desenvolvimento do projeto. Tais iniciativas contribuem tão somente para a intensificação das cisões e tensões no local, colocando sob ameaça a segurança de cidadãos que, pelos canais institucionalizados, pelas vias formais, públicas e legítimas, buscam a defesa de seus direitos. Em oposição à atmosfera de entendimento e diálogo, tais iniciativas, oficiosas, resultam na escalada de conflitos e da violência na região, com episódios de intimidação, ameaças e constrangimentos que substituem o terreno da discussão política pelo campo das operações policiais. O cenário é de medo e insegurança. Acentuamos a responsabilidade do empreendedor pelo zelo à segurança no local e pela manutenção das condições que garantam a liberdade de manifestação política dos cidadãos, independentemente da natureza de seu posicionamento.
Adicionalmente, cabe ressaltar que as reflexões produzidas pelo GESTA acerca dos limites das tecnologias de resolução negociada dos conflitos estão disponíveis em publicações acadêmicas de ampla circulação e cuja consulta recomendamos como forma de prevenir novas interpretações e encaminhamentos equivocados. Ressaltamos abaixo, apenas alguns aspectos dessa extensa reflexão:
A “estratégia da resolução negociada de conflitos” é frequentemente consagrada como caminho glorioso para mediação de “interesses divergentes” numa perspectiva semelhante àquela própria ao mundo dos negócios celebrados no âmbito do livre mercado entre partes interessadas, situadas em posições equivalentes. Os projetos da Anglo American no município de Conceição de Mato Dentro, porém, revelam conflitos entre partes desiguais de duas maneiras:
- Em relação aos capitais social, político e econômico: por um lado, temos a Anglo American, uma corporação multinacional, com uma equipe de profissionais integralmente dedicados para tratar assuntos jurídicos e técnicos, muito bem articulada com os poderes locais, nacionais e internacionais. De outro lado, estão os moradores da região afetados nas mais variadas formas pelas atividades da mineração, que, muitas vezes, não possuem a formação, conhecimento, tempo e recursos disponíveis que os coloquem em condições de simetria e igualdade para a disputa. Via de regra, eles também não têm as condições econômicas para contratar especialistas que poderiam trazer os esclarecimentos necessários para empoderá-los para uma participação efetiva no processo do licenciamento.
2) A Anglo American, sim, é parte interessada, assim como seus funcionários e determinados setores econômicos locais que se beneficiam dos empreendimentos por ela executados. Os moradores locais atingidos, entretanto, são detentores de direitos que, teoricamente, são garantidos pela Constituição Brasileira de 1988, que reforçou a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas de 1948. Estes direitos, ao contrário dos interesses empresariais, não são negociáveis (i. e. Direito à água, à moradia, ao ambiente ecologicamente saudável, dentre outros, incluindo o direito de decidir sobre a própria vida).
Diante desse contexto, tomamos a citação inicial do Secretário-Geral do Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas (CIPSH), Luiz Oosterbeek, como motivo de nos referir a um outro pronunciamento, o de Eduardo Cruz, reitor da Universidade de Portugal, realizado durante o mesmo evento:
“O Direito está moribundo e suas fontes estão secas, reduzidas a leis, doutrina e jurisprudência. O Direito é diferente de lei e a justiça se aplica não só com o cumprimento da lei, mas com sensibilidade. A lei tem que respeitar o direito” (Pronunciamento durante o "I Seminário Internacional sobre Direito Ambiental e Minerário” em Mariana, 2016, para discussão sobre o desastre tecnológico causado pela SAMARCO (Vale/BHP-Billiton, grifos nossos).
O que observamos nas últimas audiências e reuniões públicas em relação aos projetos da Anglo American é um sistemático deslocamento do tratamento da questão dos legítimos direitos dos atingidos para uma discussão genérica organizada em posições polares “a favor” e “contra” o empreendimento”. Esse esvaziamento do sentido político do debate tem sido estimulado pela própria empresa. Neste contexto, não houve espaço de debate sobre os problemas técnicos e jurídicos dos Estudos de Impacto Ambiental e não foram apresentadas propostas adequadas em relação à restauração dos modos de vida dos atingidos. O resultado foi a aprovação das licenças com centenas de condicionantes. Dessa forma, as audiências se transformaram em um palco - aliás, ostensivamente ocupado por forte aparato policial, estrategicamente colocado do “lado” daqueles que defendem seus direitos e/ou ousam questionar a Anglo -, o que pouco contribui para o esclarecimento dos segmentos mais afetados e prejudicados pelo projeto, ou ainda para o melhoramento dos estudos e programas desenvolvidos, objetivos para os quais as audiências públicas foram originalmente criadas.
Em relação à alegação no convite da V. Sa. sobre “o interesse genuíno das partes envolvidas em construir soluções que permitam o convívio harmônico”, cabe ressaltar a falta de uma postura proativa da empresa em relação ao tratamento dos direitos dos atingidos, o que coloca em cheque a natureza genuína desse esforço. Como é de seu conhecimento, aconteceram vários incidentes com os moradores afetados pela mineração da Anglo, tais como a interrupção do sistema de abastecimento de água, a expulsão de idosos e moradores isolados que não aceitaram as condições impostas para a nova moradia. Além disso, percebeu-se em torno da audiência agendada para 11/04/2017 um clima de terror nas referidas comunidades com a circulação de difamações e denúncias caluniosas em redes sociais e por meio de panfletos apócrifos, e até ameaças de morte a alguns dos autores da Ação Popular e seus apoiadores. Não observamos nenhuma atitude da empresa no sentido de evitar ou coibir o agravamento dessa situação. Neste clima de violência latente, entendemos que não existem atualmente condições para a realização de uma audiência pública que serviria aos seus objetivos originais precípuos relativos à discussão qualificada acerca dos direitos dos atingidos e das falhas e lacunas dos estudos ambientais apresentados. Ao contrário, nestas circunstâncias compartilhamos os temores dos atingidos sobre o agravamento das tensões e da violência no local.
Finalmente, seu convite destaca “o debate em benefício do interesse coletivo” em torno de valores abstratos como "o legado positivo da região", mas curiosamente não menciona os direitos daqueles que mais sofrem com os efeitos reais do empreendimento. Tudo indica que o “debate” continua a objetivar o deslocamento da questão dos direitos para uma oposição pouco construtiva reduzida às posições “a favor” ou “contra” a obra. Desse modo, seria desejável que, para alcançar credibilidade junto aos moradores, em direção ao “propósito de fazer uma mineração responsável”, a Anglo American agisse decisivamente de forma a evitar o clima de terror em torno dos seus empreendimentos, separando de forma clara – e sensível – o tratamento dos direitos individuais, coletivos e difusos dos cidadãos atingidos (conforme o princípio da preservação da dignidade da pessoa humana garantido pelo Estado Democrático do Direito) da discussão acerca dos potenciais e limites do empreendimento em relação ao desenvolvimento da região.
Atenciosamente,
Coordenação GESTA-UFMG
Profa. Dra. Ana Flávia Santos - Professora Adjunta (DAA-UFMG)
Profa. Dra. Raquel Oliveira Santos Teixeira - Professora Adjunta (DSO-UFMG)
CARTA RESPOSTA POLOS DA CIDADANIA:
Ofício:
04/2017
Para:
Srª. Mariana Rosa e Sr. Tiago Alves
Respectivos
Gerente de Comunicação e Coordenador Corporativo de Desenvolvimento
Sustentável da Empresa Anglo American Brasil
Belo
Horizonte, 27 de abril de 2017.
Senhora
Mariana Rosa e Senhor Tiago Alves,
Vimos
por meio deste, responder o documento encaminhado pela Anglo American
Brasil e entregue ao Programa Polos de Cidadania da Faculdade de
Direito da UFMG, no dia 25 de abril de 2017, na nossa sede em Belo
Horizonte, referente ao convite para uma reunião com o propósito,
segundo informado pela empresa, de "discutir
aspectos da Etapa 3 do Minas-Rio que requeiram melhores
esclarecimentos entre todas as partes interessadas".
Conforme
informações disponíveis no site Controle Transparente
(www.controletransparente.com. br), dedicado à transparência de
aplicações dos recursos provenientes do acordo judicial firmado
entre o Ministério Público do Estado de Minas Gerais e a empresa
Anglo Ferrus Minas-Rio Mineração S/A, nos autos do processo de Ação
Civil Pública n. 0175.09.013968-4 da Comarca de Conceição do Mato
Dentro, a partir de convite feito pela Coordenadoria de Inclusão e
Mobilização Social (Cimos) do Ministério Público do Estado de
Minas Gerais e pela Promotoria de Justiça de Conceição do Mato
Dentro e reuniões realizadas com cidadãos, entidades e instituições
do município, o Programa Polos de Cidadania da Faculdade de Direito
da UFMG apresentou a sua proposta de atuação, tendo por objetivo o
desenvolvimento
de processos de organização e mobilização social, à realização
de práticas de educação e ações comunitárias de proteção e
efetivação de direitos fundamentais junto aos moradores da região.
Assim
sendo, temos pautado a nossa atuação, desde o início dos trabalhos
no município, pelo reconhecido histórico do Programa, criado em
1995, junto a pessoas e comunidades em condições diversas de
vulnerabilidades sociais, (1)nos princípios de respeito à
centralidade, protagonismo, autonomia e emancipação das
coletividades com as quais dialogamos e (2)na observância aos
Direitos Humanos, pactuados em Tratados e Convenções Internacionais
de que o Brasil é signatário, assim como, no caso de Conceição do
Mato Dentro e outras regiões afetadas pelas atividades de mineração,
pelas recomendações expressas e defendidas nas Resoluções nºs
26/06, 31/06, 01/07, 02/07, 05/07 - Brasília/DF.
Após
a publicação de uma Nota de Esclarecimento, por parte da empresa,
quanto ao cancelamento da audiência pública prevista para o dia 11
de abril de 2017, na qual a Anglo American afirma que tal
cancelamento coloca em risco a continuidade operacional do Minas-Rio,
o Programa Polos de Cidadania da UFMG passou a receber,
cotidianamente, inúmeros relatos e depoimentos de graves violações
de direitos ocorridas no município, bem como constatado o
acirramento dos ânimos e dos conflitos entre pessoas e comunidades
locais.
Considerando
a citação de Luiz Oosterbeek e a pergunta destacada pelo autor,
presente no documento encaminhado pela Anglo American ao Programa
Polos de Cidadania da UFMG, "as
pessoas não são todas iguais, não têm os mesmos interesses, as
mesmas ansiedades. Portanto, nunca vão estar de acordo unanimamente
sobre o caminho a prosseguir frente a uma dificuldade (...) Como é
que elas podem continuar divergindo e não romper?",
compreendemos
e informamos a empresa que rompimentos e fraturas sociais já foram
causados, fato que, a nosso ver, justifica uma desaceleração e
revisão na condução do processo de licenciamento da etapa 3 do
Minas-Rio.
Enquanto
um Programa de Extensão Universitária e Pesquisa Social Aplicada da
UFMG, com extensa trajetória na busca de efetivação dos direitos
humanos e no constante trabalho de colaboração e assessoria técnica
junto a várias coletividades, dentre elas, algumas de Conceição do
Mato Dentro, compreendemos que o
momento requer um extremo cuidado de todas as partes envolvidas com a
delicada situação vivenciada na região e a abertura de canais
efetivos de diálogo, visando a imediata interrupção das violações
de direitos registradas.
Por
fim, compartilhando do argumento defendido pelo renomado autor
italiano Norberto Bobbio, em suas reflexões acerca dos problemas
fundamentais relacionados aos direitos humanos:
... não se trata de saber
de saber quais e quantos são esses direitos, qual é a sua natureza
e seu fundamento, se são direitos naturais ou históricos, absolutos
ou relativos, mas
sim qual é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que,
apesar das solenes declarações, eles sejam continuamente violados.
(grifo nosso)
Dessa
maneira, concluindo este ofício e deixando claros os nossos
objetivos e posições, manifestamos que, caso sejamos convidados
pelas comunidades a participar de uma reunião ampla com a empresa
e/ou diversos outros atores sociais, estaremos presentes, visando a
proteção e a defesa dos direitos fundamentais das pessoas e
coletividades historicamente vulnerabilizadas na região.
Atenciosamente,
Prof.
Dr. André Luiz Freitas Dias
Coordenação
Geral e Acadêmica
Programa
Polos de Cidadania
Faculdade
de Direito da UFMG
quinta-feira, 27 de abril de 2017
quinta-feira, 20 de abril de 2017
Reforma da Previdência: CNBB, OAB e Conselho Federal de Economia reiteram posição em nota conjunta
O documento também é assinado pela OAB e o COFECON
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Federal de Economia
(COFECON) emitiram, nesta quarta-feira (19), nota conjunta com o
posicionamento das três entidades sobre a reforma da Previdência - PEC
287/2016.
O
documento reitera a posição das entidades de que nenhuma reforma que
afete direitos básicos da população pode ser formulada sem a devida
discussão com o conjunto da sociedade e suas organizações: a Reforma não
pode ser aprovada apressadamente, nem colocar os interesses do mercado
financeiro e as razões de ordem econômica acima das necessidades da
população e os valores ético-sociais e solidários são imprescindíveis na
busca de solução para a Previdência. Estiveram presentes na assinatura
da nota o secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner; o presidente
da OAB, Cláudio Lamachia; e o presidente do Cofecon, Júlio Miragaya.
Leia a nota na íntegra:
POR UMA PREVIDÊNCIA SOCIAL JUSTA E ÉTICA
A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, a Ordem dos Advogados
do Brasil-OAB e o Conselho Federal de Economia-COFECON, conscientes da
importância da Previdência Social para o povo brasileiro, e preocupados
com a proposta de reforma encaminhada pelo Executivo ao Congresso
Nacional, vêm, conjuntamente, reiterar sua posição sobre a Reforma da
Previdência-PEC 287/2016.
Nenhuma
reforma que afete direitos básicos da população pode ser formulada, sem
a devida discussão com o conjunto da sociedade e suas organizações. A
Reforma da Previdência não pode ser aprovada apressadamente, nem pode
colocar os interesses do mercado financeiro e as razões de ordem
econômica acima das necessidades da população. Os valores ético-sociais e
solidários são imprescindíveis na busca de solução para a Previdência.
As
mudanças nas regras da Seguridade Social devem garantir a proteção aos
vulneráveis, idosos, titulares do Benefício de Prestação Continuada-BPC,
enfermos, acidentados, trabalhadores de baixa renda e trabalhadores
rurais. Atenção especial merecem as mulheres, particularmente na
proteção à maternidade.
Sem
números seguros e sem a compreensão clara da gestão da Previdência,
torna-se impossível uma discussão objetiva e honesta, motivo pelo qual
urge uma auditoria na Previdência Social. Não é correto, para justificar
a proposta, comparar a situação do Brasil com a dos países ricos, pois
existem diferenças profundas em termos de expectativa de vida, níveis de
formalização do mercado de trabalho, de escolaridade e de salários. No
Brasil, 2/3 dos aposentados e pensionistas recebem o benefício mínimo,
ou seja, um salário mínimo e 52% não conseguem completar 25 anos de
contribuição.
A
PEC 287 vai na direção oposta à necessária retomada do crescimento
econômico e da geração de empregos, na medida em que agrava a
desigualdade social e provoca forte impacto negativo nas economias dos
milhares de pequenos municípios do Brasil.
É
necessário que a sociedade brasileira esteja atenta às ameaças de
retrocesso. A ampla mobilização contra a retirada de direitos,
arduamente conquistados, perceptível nas últimas manifestações, tem
forçado o governo a adotar mudanças. Possíveis ajustes necessitam de
debate com a sociedade para eliminar o caráter reducionista de direitos.
As
entidades infra firmadas convidam seus membros e as organizações da
sociedade civil ao amplo debate sobre a Reforma da Previdência e sobre
quaisquer outras que visem alterar direitos conquistados, como a Reforma
Trabalhista. Uma sociedade justa e fraterna se fortalece, a partir do
cumprimento do dever cívico de cada cidadão, em busca do aperfeiçoamento
das instituições democráticas.
Brasília, 19 de abril de 2017.
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB
Ordem dos Advogados do Brasil-OAB
Conselho Federal de Economia-COFECON
Fonte:
http://www.cnbb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=20623:em-nota-conjunta-cnbb-reitera-sua-posicao-sobre-a-reforma-da-previdencia&catid=114&Itemid=106
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